terça-feira, 26 de junho de 2012

Filhos de Gil (netos de Gandhi)




Gilberto Gil é um mestre. E como tal deve ser reverenciado. Não com fanatismo, mas com a alegria, que a própria figura dele conduz. Um cara que tem uma vida exemplar. Tanto na arte, quanto no gosto e na luta pelo brasil, quanto, o que talvez seja o principal, por um ser humano mais sensível.
Gil integrou um dos grandes movimentos de arte do brasil e do mundo, a tropicália. Deu ares de baião, de xaxado e de vários outros ritmos da sanfona ao violão. Se tornou holograma de Gonzagão pela capacidade parabolicamará.  E do violão a guitarra foi um pulo. Fez rock in bahia. Rasgou o frevo. Fez samba pra João Gilberto, dizendo que o rio continuava lindo. Releu Oswald de Andrade com Caetano Veloso e botou cores tropicais em melodias internacionais na geléia geral brasileira. Pôs para circular o expresso 2222. Re-inventou tudo que passou por seu afeto, acatou o ato do abacateiro e fez a meta ser o inatingível.
            De suas buscas existenciais, de seus retiros espirituais, meditou e encontrou Buda. Um Buda tão revolucionário e belo que sabiamente chamou de Dorival Caymmi. Na medida em que aprendia com o tempo rei, dava seus conselhos, e de forma beatnik criou o “se oriente rapaz”. Um fluxo constante e cinematográfico, ala Kerouac, também presente no Domingo no parque, que diz do que ele Gil via como o caminho. Tao te king Gil. O rei da brincadeira, o rei da confusão. Seu espírito se encontrou com o de Bob Marley no reggae e na mensagem de paz. Que incluía os Beatles e o imagine de um mundo melhor, mais justo. Foi por isso político, diplomata carismático. Jogou capoeira pelo mundo afora. Nomeou a morte, quis falar com Deus.
            Tomou ayahuasca com os índios e lutou por sua descriminalização. Teve um sonho com o Xingu e cantou músicas dos povos indígenas que conheceu. Louvou a amizade dos amigos e os santos de festas juninas. Comeu banana pro santo, cantou o bumba-yê-yê-boi e andou sempre com fé, fé na festa, pois ela não costuma falha. Exigiu o cabelo duro do Black is beautiful. Foi e voltou da áfrica. É notadamente brother dos orixás. Fez música para uma porção. É um quasecultointeiro. Bat macumba. E quando precisou chamou Iansã, iemanjá, Oxossi também, e mandou todo mundo descer pra ver os Filhos de Gandhi passar, pois era carnaval.
            E tudo não passou de uma grande besteira. Jogou no céu o anzol para pegar o sol e tudo que pegou foi um rouxinol. Por isso, os filhos de Gil saem, a partir de hoje, para homenagear Gilberto Gil.

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