Nós,
os Vagabundos Iluminados, somos um grupo de escritores
que tem sua poética visceralmente ligada às nossas experiências pessoais. Antes
de poetas, nosso grupo se reuniu em torno de uma amizade juvenil que começou na
década de 90 em Belo Horizonte. Um amigo apresentou um amigo ao outro e os
gostos em comum pela literatura e pelas artes aproximou nossas vidas para a
eternidade.
A tomada de
consciência de que éramos um grupo de poetas veio, é claro, com nossa devoção a
escrita como uma elaboração de nossas sensações e impressões do mundo em que
vivemos e o que criamos para nós mesmos. Mas também surgiu a partir do
conhecimento e a identificação coletiva com diversas estéticas e seus modos de
agir. Podemos citar assim o amor pelo Rock n' Roll, a dose extraforte de
Nouvelle Vague e a paixão pela literatura de Fernando Pessoa, assim como várias
outras correntes estéticas.
Embora não possamos determinar uma
hierarquia de importância dentre essas várias estéticas citadas acima, uma em
especial deve ser ressaltada neste projeto: a poesia desenvolvida pelo
Movimento Beat nos Estados Unidos. As viagens nômades, as vivências lisérgicas
e as atitudes subversivas do grupo formado por nomes como Jack Kerouac, William
Burroughs e Allen Ginsberg mostraram uma escrita que se fez da própria vida
destes escritores. Tamanha foi a identificação do nosso grupo com a vida/obra
desses autores que passamos a nos autodenominarmos Vagabundos Iluminados em
referência a um livro de Jack Kerouac chamado Dharma Bums, que
foi traduzido para o português como Os Vagabundos Iluminados. No
livro, o protagonista Ray Smith é jovem escritor e sua vida/obra será
totalmente influenciada por Japhy Rider um jovem Zen-Budista que vive com o
mínimo de dinheiro e é alheio a sociedade consumista.