segunda-feira, 29 de junho de 2009

Glauber Rocha


Tenho assistido aos filmes de Glauber, pela sei lá que vez, em frente da tv de pé. É uma espécie de droga estimulante. Ali reconheço e aprendo figuras da linguagem da minha percepção cinematográfica. “Yes, um quadro com vários planos, polifônico” pensei vendo Câncer. E quantos planos completamente brasileiros e pangéicos, um sambista, um malandro, um autoritário, um mané. Mas nada estanque, todos trocando constantemente de potências, de gestos, discursos e pontos de vista. Uma percepção móvel e critica de tudo. Um casal que se entende por paradoxos instransponíveis. Ah, os paradoxos! Glauber você me lembra os paradoxos fundamentais. Às vezes me distancio deles. E aqui, alucinadamente emocionado, em frente a tv, reencontro com as várias vozes simultaneamente e minha consciência sofre de superposição e se amplia.

http://www.youtube.com/watch?v=p7GegIT-yBM

http://www.youtube.com/watch?v=CqDgv-L4u5Q&feature=related


quinta-feira, 25 de junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

François Truffaut

Prego aqui meu amor incondicional a este homem. Dono de uma linguagem delicada, revelou aos jovens de sempre destinos do desejo infinito e intenso. Uma vez, li de um crítico que o cinema de Truffaut era clássico. Que preocupação é essa amizade? Rótulos. Supermercado. O cinema de Truffaut é lindo. Quer coisa mais linda do que o tempo que ele demorou para rodar Jules e Jim por causa da perfeição que ele e Henry-Pierre Roche sabiam necessária para demonstrar tamanha sutileza e densidade da relação.
É um toque de leveza para o cinema. É antes de tudo, um cinema do humano. Dos sentimentos, dos afetos, das relações. Sem efeitos especiais. Mas especialmente efetivado na vida, que já é transbordante por si mesma enquanto tal, por constituir-se de amores fulminantes. Toda teoria do acaso não estaria ancorada aqui, no lugar do amor? Que pode a qualquer momento avassalar tudo. Ele poder retirar do sentido sua virtude de fazer as coisas se associarem e tornar tudo sem chão.
Ah, Truffaut, quantas vezes, eu e vários dos meus amigos, não paramos para ver seus filmes porque necessitávamos de uma paisagem bela e afetiva para pousar nossos olhos e corações? Seus filmes arrancam da experiência a incompletude de ser tudo e devolvem a ela esse desejo de continuar sentindo tudo por vir.Vamos!

Meu primeiro olho de vídeo


Quando usei pela primeira vez uma câmera de vídeo, minha primeira Hi-8, eu achava que poderia gravar o que meus olhos viam. Depois de gravadas as primeiras imagens e reproduzir, tomei um susto! O que os olhos veem a câmera não sente, escrevi dias depois. Naquela noite, eu quis filmar a lua. Lua cheia que meus olhos sempre acompanharam reproduzida na íris. Porém, pelo visor da câmera, não foi possível vê-la com tanta nitidez, tentei um zoom e nada. Fiquei um pouco desanimado achando que as câmeras então eram uma ilusão, talvez apenas as do grande cinema conseguissem realizar as imagens que eu vivia. Mas, aos poucos, a paixão pelo cinema me fez continuar adaptando meu olhar ao que a câmera traduzia.
Desde então, venho seguindo meu caminho em busca do olhar do cinema e, consequentemente, da tecnologia. Não nego mais, como em outros tempos neguei, que a tecnologia seja maravilhosa e importante para a tradução das imagens. Hoje tenho a oportunidade de usar uma nova câmera e as imagens já se parecem mais com meu olhar. Ao mesmo tempo, e cada vez mais, fiz os filmes que pude e com o que tive, o que me deu a certeza que antes de tudo é necessário uma estética ousada e simples, que dê conta do que se propõe, que saiba o tamanho de suas pernas e, a partir dessa constatação, seja possível medir o tamanho do passo para caminhar os mundos possíveis.

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